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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

BEDA - Gorda, eu?

Só pra esclarecer: eu sei que o BEDA pede que seja postado texto novo todo dia, mas final de semana eu desconecto total da internet, e por isso não tem post no finde. Ponto. E 6a. passada tinha prova, então, adivinha qual foi minha prioridade?

Esclarecido o ponto acima, vamos ao post de hoje. E é algo que eu até coloquei no meu Face. Vamos à postagem:

"Lendo um post sobre ser/estar gorda, e olha só: acabei de ver essa frase, em que me reconheci IMEDIATAMENTE:


A diferença é que eu gastava na máquina de Coca-Cola recém instalada no Estadual e em Poffets... E é muito ruim comer alguma coisa boa só pra provar pra gordinha que pesava 52kg aos 17 anos (!) que eu POSSO SIM comer O QUE EU QUISER! Inferno."

Se alguém hoje em dia me falasse que com 52kg eu seria GORDA, juro que ia rir e me acabar num Top Sundae de caramelo. E quanto mais coisa eu leio desse texto, mais eu me identifico e vejo aquela guria que tinha dobrinhas na barriguinha saliente (e não no corpo todo, que fique claro) sofrendo a vida toda pq, afinal, gosta de comer.


O pior é que continua. E o que potencializou essa praga? Ouvir DESDE SEMPRE "ah, mas vc come demais"; "vc parece a Magali, só que ela não engorda"; ou a mais cruel de todas "vc tem um rosto tão bonito, pq não emagrece?". Todas essas frases, ditas sempre por quem "se preocupava com a minha saúde", magoavam. Muito. Fundo. E, claro, geravam uma revolta típica de adolescente, que só agora, aos 36, eu estou RECONHECENDO e, daqui a algum tempo, com sorte e paciência, superar. 

Meu pensamento recorrente nessa época era "ah, mas quem quiser ficar comigo, vai ter que gostar de mim DO JEITO QUE EU SOU". Nada relacionado ao fato de eu ser ciumenta, carinhosa, querer estudar, nada ligado ao meu caráter ou personalidade: o "do jeito que eu sou" era sempre sobre a minha aparência. Tipo, "mas vc é morena" leia-se de cabelos escuros, então, "QUEM ME AMAR VAI TER QUE ME ACEITAR DO JEITO QUE EU SOU, E EU NÃO SOU LOIRA". "Mas vc é baixinha": "QUEM ME AMAR VAI TER QUE ME ACEITAR DO JEITO QUE EU SOU, DESPROVIDA DE ALTURA E SEM SACO PRA USAR SALTO" - detalhe que depois comecei a usar e adorar salto alto. "Mas vc é gordinha" ninguém nunca me chamou de gorda, na caradura: "QUEM ME AMAR VAI TER QUE ME ACEITAR DO JEITO QUE EU SOU, UMA GORDA QUE NÃO VAI NUNCA EMAGRECER".

Olha o estrago que muita gente (inclusive amigos!) fez na minha cabeça, pq o que eu fazia era me defender da forma mais idiota possível, ao invés de simplesmente mandar pastar ou responder "pois é, e daí?". Resultado? Embora eu NÃO FOSSE gorda, só tivesse barriga saliente, eu sempre me vi gorda. E pra PROVAR pra todo mundo que quem quisesse me amar teria que me aceitar gorda mesmo, eu comia mais. Quase por esporte.

Na época da faculdade, eu entrei pra academia, pq todo mundo na sala só falava disso; então, pra ter assunto além do Direito, resolvi ir malhar também. Musculação. Gente, era a coisa mais bizarra do mundo: eu treinava cerca de 3 horas diárias, e chegava em casa depois do treino e comia uns 2 pratos fundos de feijão com farofa, assistindo a Casa dos Artistas. Como almoçava pouco, claro que emagreci. Muito. Uns 15 quilos, fácil. E é dessa época a tristeza mais amarga que eu tenho.

O caso foi assim: fazia um bom tempo que minha vóvis não me via. Aí, pra agradar minha mãe, fui visitar vóvis com ela e meu pai, sem reclamar. Assim que fui dar oi pra minha vóvis, ela vira pra mim, apertando minha cintura recém-conquistada, e perguntando "cadê as banhas tudo? Cadê?", fazendo um alarde. Gente. Do. Céu. Eu me senti HUMILHADA, pq tinha emagrecido, e parecia que antes NADA do que eu tinha feito tinha valor algum. Odeio lembrar disso até hoje.

Mas o mais triste dessa lembrança é que... eu bem que queria que vóvis virasse pra mim e falasse que eu emagreci. Por mais que me magoe lembrar a expressão dela, eu tentando fugir dos apertões, o jeito que ela falava, tudo isso, pelo menos era um reconhecimento à minha tentativa de emagrecer.

Quer saber? Dane-se se ela vai reconhecer. EU reconhecendo quando emagreço (e olha que reconheço, sim), tá de EXCELENTE tamanho. Mais alguém falar pra mim que eu tou mais magra é lucro. E é claro que quem quiser ficar comigo tem que me amar do jeito que eu sou. Só que eu posso ser do jeito que eu sou, independentemente de ser magra ou obesa mórbida. Posso ser do jeito que eu sou, num corpo que me deixe confortável dentro dele.

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